Revista Galwan 2022
um patrocínio de uma marca de nível nacional, no caso a Coca-Cola, e de uma marca da in- dústria do surf, a Energia, para a qual assina- va como shaper. Ele se tornou um dos maiores embaixadores do surf e fabricantes de pran- chas no Brasil. NO ESTADO A história do shape capixaba passa pela esco- la carioca. Dois dos principais shapers em ati- vidade hoje, Renato Larica e Karl Piskac, têm em comum o fato de terem trazido do Rio de Janeiro a arte de shapear. Renato Larica, 65 anos, shapeia desde 1974, quando foi estudar engenharia na Universida- de Gama Filho e caiu na sala do “professor” Marco Ripper. “Foi com quem aprendi. Mas isso foi aos 20 anos. Sou surfista desde garo- to. Por isso sempre digo que antes de ser sha- per, sou surfista”, ressalta Renato, que possui um ateliê de pranchas na Praia do Canto des- de 1976, o R.Larica. Sua escola é de pranchas de alta perfor- mance, porque trabalha para surfistas profis- sionais, mas passeia bem pelo long board e ou- tros formatos. “Não foi algo programado. Me tornei um shaper a partir do surf”, diz Renato, lembrando que entre os primórdios do shape capixaba está o nome de Klaus Erich, que dei- xou o ofício faz tempo, mas que marcou o início de tudo, além de Hostílio Martins, outro nome dos primórdios do shape capixaba. Outro formado na escola carioca é Karl Piskac, que chegou ao Estado em 1976, acom- panhando a fa- mília com a transfe- rência do pai do Rio de Janeiro para Linhares (ES). Karl lembra-se que morando no Rio nos anos 70 vivia na meca do surf nacional, no Arpoador, Praia do Diabo e Pier de Ipanema. Ele relatou ao pai o desejo de ter uma prancha quando tinha 14 anos e o pai, arquiteto, comprou o famoso bloco de po- liuretano e o matriculou em um curso no Mu- seu de Arte Moderna (MAM-RJ), no Aterro do Flamengo. “Lá foi o começo de tudo. Minha primeira prancha foi feita com a ajuda do meu pai”, descreve Karl. Depois de vir para o Espírito Santo, Karl re- tornou ao Rio para cursar faculdade de Admi- nistração, mas não teve jeito. Foi a arte de sha- pear que se tornou a profissão do tambématle- ta e professor de surf. Entre seus mestres estão nomes como Luiz Ferreira (shaper de Hidrojets), Lipe Dylong, Alzair Russo e Ricardo Martins. Karl conta que suas pranchas foram para França, Califórnia, Bali, Peru e Austrália, onde chegou a shapear durante os dois anos quemo- rou por lá. “Levo as pranchas nas surfs trips ou os atletas daqui, quando viajam, levam-nas para o exterior e elas ge- ralmente não vol- tamnabagagem”, explica ele sobre o rompimento de fronteiras. Outro que espalha seu trabalho Brasil afo- ra é Jadson Silva, de 26 anos, da JS, que sha- peia há 12 anos. “Faço de 35 a 40 pranchas por mês e vendo, principalmente, através de contatos pelo Instagram, do Nordeste ao Sul do País”, diz o rapaz que, pela idade, pode ser considerado da nova geração. Também com foco no mercado externo, An- tônio Reis surfa e shapeia há 26 anos. De Sal- vador (BA), ele veio para o Estado há 22 anos onde fundou a Pranchas Reis e uma loja-ate- liê no Ulé, em Guarapari, considerada a praia de ondas mais constantes para o surf no lito- ral capixaba. “Em Salvador eu morava em Pi- tuba, bairro que concentrava muitos surfistas. Comecei a surfar lá e a fabricar a partir de consertos nas minhas pranchas e de amigos”, explica Reis, que também expande sua produ- ção que chega a 60 pranchas/mês para todo o Brasil. “Meu forte são pranchas de perfor- mance para um surf mais radical e com ma- nobras aéreas”, explica Reis. O Espírito Santo é forte nesta arte de pran- chas mágicas possuindo nomes como Antônio CarlosWolfgram (Flysurf) e Alexandre Luiz Fra- ga, o Cascão, este último cria de Hostílio Mar- tins, uma lenda do shape no Estado. “Meu pri- meiro contato com o shape foi através de Hos- tílio e já estou nesta há 36 anos”, conta Cascão. Há tantos talentos em território capixaba que o mercado tem até se segmentado. Mi- chel Gratz, por exemplo, foi atleta profissional de surf e hoje o seu filho, Eric Gratz, é uma das promessas da nova geração surfer. Michel tem habilidade para fazer qualquer tipo de prancha emsuaGTZ, mas temse especializado empran- chas pequenas, para atletas em início de car- reira, área que tem se tornado cada vez mais uma referência, até por ser o treinador do fi- lho e testar muitas pranchas. Outro que tem se segmentando cada vez mais é Vinicius Santos Almeida, da VSA, Gua- rapari, que tem apostado muito no shape de SUP, para a prática de stand up paddle. “A agenda está cheia de encomendas para ARTE ARTE 10 • R e v i s t a G a l w a n R e v i s t a G a l w a n • 11
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