Revista Galwan 2022

Segundo o diretor-presidente da Galwan, José Luís Galvêas Loureiro, em Vila Velha, o quadro econômico era ainda pior. Desde 2012, a cidade estava com grande insegurança jurídica devido a inconstitucionalidade de 13 artigos do Plano Diretor Municipal (PDM) decretada pelo Tribunal de Justiça do Espírito Santo. “No Brasil, o setor estava estagnado desde 2014, exceto no Rio de Janeiro, em função das Olimpíadas que demandou muitas obras e, por isso, adiou o início da crise para depois das Olimpíadas”. A Pesquisa Anual da Indústria da Construção (Paic) de 2019, divulgada pelo Instituto Brasi- leiro de Geografia e Estatística (IBGE) reforça esse parâmetro. Segundo os dados, em 2019, o Produto Interno Bruto (PIB) do país cresceu 1,4%, o terceiro valor positivo seguido após a retração observada em 2015 e 2016. A cons- trução havia retraído em 2017 e 2018 e voltou a crescer em 2019, alcançando 1,5%, confor- me a pesquisa. A criação de empregos no se- tor também voltou a crescer, após vários anos de queda ou estagnação. Dentre os 12 setores analisados pelo Institu- to Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a construção civil foi o que teve a maior que- da no Produto Interno Bruto (PIB) de 2017, encolhendo 5%. Para Galvêas, foi somente em 2020 que, sur- preendentemente, veio a melhora do mercado. “O ano de 2020 foi um ano redentor para o mercado imobiliário. Foi um ano em que saímos de uma crise em plena pandemia”, disse. Esse paradoxo, de sair da crise da construção civil em plena crise pan- dêmica, pode ser explicado por al- guns motivos. Durante a qua- rentena, as pessoas passa- ram a ficar mais tempo em suas casas e perceberam como é importante morar bem. A aquisição de imó- veis ganhou força e, por isso, o mercado imobiliário também ganhou gás. “Houve uma série de acontecimentos que colaboraram para aumen- tar as vendas de imóveis. Houve a baixa da taxa Selic. As pessoas saíam menos de casa e tinham menos gastos com lazer. Além disso elas viram na aquisição de imóveis uma oportunidade em termos de segurança e rentabilidade. O mais interessante era ter uma garantia real para seu investimento”, reforça Galvêas. Nesse contexto, as vendas de lotes e casas aumentaram enquanto que as de salas e lojas ficaram prejudicadas justamente porque não era mais preciso sair de casa. Uma pesquisa feita pelo portal Imovelweb mostrou que houve um aumento expressivo na procura por terre- nos com saldo positivo de mais de 200% na compra de lotes. Vale salientar, conforme explica Galvêas, que as empresas tinham empreendimentos na ga- veta na época da estagnação. “Em um primei- ro momento aumentou os custos de materiais na construção civil por causa desse aumento de demanda. A indústria aproveitou o "boom" para recuperar sua rentabilidade que estava sacrificada”, relembra. A construção civil quando estava reto- mando as atividades se deparou, a princípio, com um mercado instável em 2020/2021. Diante de um ce- nário pandêmico, muitas empresas, indústrias, bares, restaurantes e diversos outros setores ficaram sem rumo com relação a como atuar, faturar, manter os negócios e, principalmente, sobreviver ao caos gerado pela proliferação do vírus da Covid-19. No setor da construção civil, que sofria uma baixa desde 2014, essa nova realidade veio com diversas indagações. Como ficaria o mercado imobiliário, o canteiro de obras, as questões trabalhistas, o que poderia ser liberado para fazer ou não, como seria o transporte desses funcionários, como seria a relação entre os for- necedores, entre outras incógnitas. José Luís Galvêas Loureiro, diretor-presidente da Galwan, considera que 2020 e 2021 foram anos redentores para a construção civil. Já 2022 pede cautela e equilíbrio Mercado imobiliário GANHA GÁS NA CRISE PANDÊMICA Flávia Varela INSTITUCIONAL INSTITUCIONAL 120 • R e v i s t a G a l w a n R e v i s t a G a l w a n • 121

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